Este texto tem por meta a formulação de uma síntese sobre alguns
aspectos do pensamento freireano, especialmente àqueles ligados a possibilidade
de uma transformação profunda na sociedade, partindo do indivíduo, obviamente,
porque este ( indivíduo) está inserido numa realidade concreta, na qual ele
deve ser peça fundamental, como sujeito de práxis, ou seja de ação - reflexão.
Ao longo do mesmo vocês perceberão como Paulo Freire contribuiu e
contribui para uma reflexão de uma sociedade mais voltada para uma atividade
sem ativismo e com muita ação, condição necessária para a realização de uma
“utopia realizável”.
O ser humano é uma espécie voltada para a possibilidade. De fato, para
as possibilidades. Ele difere dos animais de várias maneiras: possui uma
linguagem articulada, tem uma inteligência superior, constrói códigos de
condutas que normatizam as suas relações. Ademais, cria instituições várias e
transforma a natureza, ou seja, a temporaliza. Ao passo que, o animas não faz
nada disso. Ele é instintual. Acomodado. Conquanto inacabado, não faz história.
Não faz cultura.
O homem é um ser em transformação, e como tal, possui em si mesmo esta
condição inata de sonhar. Sonhar não significa, evidentemente, uma condição de
passividade, ao contrário, impõe-se ai a necessidade de vislumbrar algo que
ainda não foi realizável, mas que pode ser. Uma “utopia realizável”, como disse
o pedagogo Paulo Freire. Neste sentido, o pernambucano tocou numa esfera de
atividade humana plenamente possível, a esfera da fluição, da mudança, das
possibilidades.
Neste sentido, cabe aqui falar da esperança, tão citada na mitologia
grega e na Bíblia. Quem espera, espera algo realizável. O sentido é de que
existe uma esfera da esperança que é aquela não passiva, ou seja, uma esperança
dinâmica, que não deve ser confundida com passividade, com morosidade. Não.
Absolutamente não. Isto implica dizer que a escrita de Freire está recheada de
lições de vida autêntica, isto é, de algo realizável. É o esperançar.
Ora, em uma sociedade humana onde as contradições da existência estão
ai, evidentes, e claramente vistas, onde o ser mais deseja cada vez mais ser, o
ser menos não deve ter uma atitude passiva, pois isto seria negar a sua
condição essencial de para ser. A mudança é possível. Não ao fatalismo, ao
determinismo, pois isto é típico dos animais e não da espécie humana.
Diante das considerações, podemos afirmar que Paulo Freire contribuiu
significativamente para a produção de uma obra vasta e qualitativa no que diz
respeito a formular na mente e no corações de muitos o desejo de uma construção
de uma sociedade onde as desigualdades sócias possam ser minoradas a partir de
tomadas de ações existências próprias de um ente que nasceu para não viver
passivo, ou seja, a espécie humana, visto que, diferente dos animais, ele é um
ente absolutamente de opções que muda a sua história através deste salto de atitudes
, de rompimento, de ações. Não determinado, ele se reconhece como alguém
absolutamente condicionado pelo tempo – espaço, culturalmente condicionado,
historicamente condicionado, porém, absolutamente não determinado, capaz de dá
significado a sua essência pela sua existência.
Prof. José Costa,
Para pensar.